O Dilema Do Prisioneiro 2
O DILEMA DO PRISIONEIRO E AS BASES DO CONTRATUALISMO
Um dos problemas mais antigos e mais difíceis da ética é como explicar filosoficamente o fato de continuarmos tendo razões para cumprir obrigações e exigências mesmo quando elas contrariam nossas preferências e desejos mais imediatos. Nesse caso, por que teríamos alguma razão para fazer aquilo a que estamos obrigados, ou aquilo que nos é exigido, se não temos nenhum interesse pessoal, desejo ou preferência atual ou imediata no assunto? Talvez alguém diante disso responda: você deve fazer isso simplesmente porque que está obrigado, e não porque tem algum interesse pessoal envolvido. Claro! Contudo, nesse caso, obrigações e interesses pessoais tornam-se, ao menos à primeira vista, condições completamente dissociadas; a ponto de se poder concluir que toda obrigação é arbitrária – o que redundaria numa espécie de niilismo moral sobre as obrigações.
Veja o seguinte exemplo:
O anarquista desobediente. João foi convocado para prestar serviço militar. Ele fará dezoito anos e a lei o obriga a alistar-se. Ele faz o que a lei lhe obriga a fazer; mas ele não deseja servir. Aliás, ele odeia tudo o que é relacionado à atividade militar. Seu interesse é outro; e agindo em defesa de seu interesse, João também se apresentou para um emprego como professor importante numa escola de música. O emprego representa para João uma chance fantástica. Trata-se de uma das mais importantes escolas de música do país. Há vários concorrentes, mas ele foi selecionado. O problema é que João foi convocado. Ele deve ser apresentar para o serviço militar. O que ele deve fazer? Não tendo qualquer interesse em servir, João decide desobedecer à ordem. No dia marcado, ele não comparece. Ao ser buscado em casa, foge. Sabendo que está dando aulas na escola de música, o oficial encarregado envia para lá um grupo de policiais militares. Encontrando João, eles o prendem por crime de deserção. João fica revoltado. Ao ser preso, contrariado,