O digital e as transformações musicais
Muitas são as transformações causadas no contexto geral com a chegada do universo digital e com a facilidade do acesso às novas tecnologias. Pode-se dizer que vários processos sofreram alteração, entre eles o musical. A simples política compra e venda de discos, a questão do direito autoral e da criação musical foram modificadas gradualmente, conforme aumentava o acesso ao computador pessoal, à internet ou a outros aparatos tecnológicos. Cabe a esse artigo expor e discutir algumas dessas transformações ocorridas durante os últimos anos.
2. A Internet, a indústria e os direitos autorais
Muito se discute sobre os direitos autorais das músicas nos dias atuais. Com a disseminação da internet, houve a facilitação ao acesso a conteúdos musicais, gerando ainda mais polêmica sobre o assunto.
Primeiramente, cabe observar o desenvolvimento da indústria fonográfica mundial, que assistiu à crise de vendas de CDs durante os últimos anos. Dados mostram a acentuada queda de vendagem de CDs e aumento das vendas digitais, porém o aumento não é tão acentuado como é, de fato, o do download ilegal. Segundo estimativas da IFPI (Federação Internacional de Indústria Fonográfica), 20 bilhões de músicas foram baixadas ilegalmente, sendo que no Brasil, o número de download chegou a um bilhão.
Parte dessa queda deve-se ao atraso das gravadoras em relação ao desenvolvimento digital: o modelo de negócios da indústria fonográfica é antigo. Não é competitivo com a internet. Não se atualizou diante da inovação tecnológica. Hoje em dia, defender este modelo é tentar ir contra a realidade da demanda. É querer obrigar pelo medo que o consumidor compre, por R$ 25, um CD que pode ser bem vendido por R$10 ou menos. [...] Este modelo de negócio está decadente em todo o mundo [...] Mas não é somente o antigo modelo de negócio da indústria de CDs que está em crise. A crise é agravada porque a indústria ainda não inventou um novo modelo de negócios que use lucrativamente a internet