O dia em que Dorival encarou a guarda.

“O dia em que Dorival encarou a guarda.”

Em uma noite quente, em uma prisão militar, a única coisa que Dorival quer é tomar um banho. Só que conseguir o que não é tão fácil assim.
Ele cria uma confusão com um Soldadinho assustado, um Cabo com mania de heróis e quadrinhos, um Sargento (negro) com saudade da namorada que estava em uma escola de samba, um Tenente cheio de prepotência, apenas para conseguir um banho.
Dorival insistiu e pediu a todos esses para tomar um banho, e cada um deles diziam que tinham recebido ordens que não permitiam que Dorival tomasse um banho, e não sabiam responder o por que o homem não podia tomar seu banho. “São ordens!”. “Mas ordens de quem?”, perguntava o insistente negro. “Vocês são todos uns paus mandados!”
Algum tipo de referência a ditadura militar no Brasil não é mera coincidência. Soldados obedecendo e torturando somente por ordens que nem tinham algum sentido.
Logo depois de irritar todos os militares e cuspido na cara do Tenente, eles abriram a cela, e deram um “cacete” em Dorival, o que deixou o homem coberto de sangue, e foram obrigados a colocar ele no chuveiro para que limpasse o sangue, e o tal Sargento estava a olhar Dorival tentando se levantar, e deu um cigarro para o homem. Acabando assim o curta.
Nada mais claro é que Dorival não possuía e nem podia usufruir dos seus direitos como um ser humano. Todos os direitos escritos em leis, não fazia sentido algum naquela prisão. Dorival cometeu um crime, e estava pagando por ele, mas isso não quer dizer que ele não merecia ter seus direitos só pelo fato dele ser negro, isso não fazia dele um ser humano pior que os outros, na verdade, só por ser um “criolo”, ele não deveria ser tratado como um animal como aconteceu.