O Design dos Italianos - Argan
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Giulio C. Argan - História da Arte como
História da Cidade. São Paulo, Martins
Fontes, 1998
Terceira Parte — Crise Da Arte, Crise Do Objeto, Crise
Da Cidade
18. O Design Dos Italianos
Todas as coisas que a indústria produz são projectadas de vários pontos de vista: económico, técnico, estético. Para cada tipo de produto, entretanto, são dadas diferenças de valor que não dependem do mérito do material ou do tempo de manufactura, mas do método de projecto. Não raro os produtos considerados representativos de um bom desenho industrial são os menos caros, ou aqueles em que não se procurou uma vistosa beleza formal. Um projecto é bem desenhado quando os factores práticos e estéticos não se somam ou sobrepõem, mas se integram, porque foram projectados juntos. O desenho industrial italiano não está aqui representado através de uma série de objectos particularmente belos. O que se quer demonstrar é o papel que teve o desenho industrial na evolução da sociedade italiana e em seu esforço de reconstrução cultural e recuperação económica depois da Segunda Guerra Mundial.
Já no período precedente à guerra, delineara-se na indústria italiana uma tendência à procura de valores de qualidade. Não fora propriamente impedida pelo regime fascista, mas contrastava de modo subtil com o nacionalismo, a retórica, a pretensão de uma autarquia cultural, não menos que económica, do fascismo. Foi a expressão do propósito da classe empresarial italiana de manter-se em relação com as democracias burguesas europeias, onde o avanço tecnológico estava ligado ao progresso social. O grande promotor do desenho industrial na Itália foi, de facto, Adriano Olivetti, manager inteligente e preparado, politicamente de tendência trabalhista, dono da fábrica de máquinas de escrever de Ivrea, ao mesmo tempo, um modelo de tecnologia avançada e de organização social do trabalho. Olivetti talvez tenha sido o primeiro a