O Desejo De Tennessee Williams
Por Leandro Marques Filho do sofrimento e do preconceito, o dramaturgo americano Tennessee Williams foi da quase insanidade ao estrelato. Experimentou o amargo do fracasso, da depressão, e deixou um legado de obras que dissecam as relações humanas de forma intensa. Em uma de suas principais obras, “Um Bonde Chamado Desejo”, de 1947, Williams purgou suas maiores angústias, através dos dois personagens centrais: Blanche Dubois e Stanley Kowalski. Blanche, a personagem mais rica de Tennessee, simboliza a incapacidade da fantasia de superar a realidade. Com sua ambígua neurose, vontade de ser amada e compreendida, ela pode representar o lado mais frágil do autor. Ainda criança, Williams se refugiava em seu quarto, decorado como um pequeno zoológico, para fugir da miséria e da insensibilidade paterna. Blanche Dubois também prefere a ilusão, como se ainda fosse uma menina. Ela diz: “Não quero realismo. Eu quero magia. Sim, sim, magia. É o que tento dar as pessoas. Não digo a verdade, digo o que deveria ser verdade. E se isso é pecado, que eu seja amaldiçoada para sempre”. O verniz que reveste Blanche é evidentemente o da decadência do passado aristocrata. Seu único meio de sobreviver em um mundo moderno é agarrando-se a um outro ser e sugando-lhe energia física, emocional, ou mesmo material, como um parasita. Por má administração, ela perde a sua única propriedade “Belle Reve”, que também pertencia a sua irmã Stella. Esse nome possui uma forte carga simbólica na peça, já que Belle Reve, do francês, significa “belo sonho”.
Enquanto Blanche pertence ao universo das grandes e decadentes plantações sulistas, seu cunhado Stanley Kowalski, por sua vez, representa a imagem da nova América, do imigrante e do homem da cidade. É aquele que, dentro do seu grupo, encontra-se dotado das qualidades ou habilidades necessárias para vencer no mundo pós-industrializado, no comércio, em um universo reconfigurado pela máquina, pelos carros e