o currículo no âmbito escolar
A discussão da temática parte do princípio de que não é possível fazer com que membros de uma minoria cultural sejam incluídos nos conteúdos e práticas dos currículos escolares se a cultura escolar, de forma geral, não tratar através de uma discussão profunda o currículo multicultural incluindo nele a questão da diversidade. Para tanto, é necessário colocar em prática uma cultura escolar diferente do modelo dominante, com engajamento de professores, pais, alunos, administradores e demais agentes que confeccionam os materiais escolares. É necessário compreender que a cultura escolar deve ter um sentido a mais do que ser simplesmente uma discussão de conteúdos na elaboração do currículo escolar. O currículo real trata de todas as práticas cotidianas vivenciadas em sala de aula e se torna claro através daquilo que os alunos aprendem ou deixam de aprender, enquanto que o currículo documentado serve apenas para se refletir os objetivos e planos que se possam formular para determinado período. Materiais pedagógicos utilizados por professores e alunos são os artistas que apresentam a maneira como determinada cultura se apresenta aos mesmos. Neste contexto, é importante ficar atento à maneira como os conteúdos, os exemplos e as ilustrações são apresentados, pois se corre o risco de serem demasiadamente etnocêntricos e desvalorizadores de experiências culturais de outros grupos. A cultura transmitida pela escola cai em mentes que já possuem outros significados prévios. A escola deve trabalhar, portanto, ressaltando a força de um currículo extra-escolar, que servirá para que os educadores exerçam o papel de mediadores fazendo com que a perspectiva multicultural seja retratada a partir de coordenadas mais amplas do que as do currículo escolar. Existe, no entanto, um empecilho a ser enfrentado ao se aplicar no currículo a questão da diversidade cultural: fazer com que não se torne uma ameaça à preservação da própria identidade