O Crisântemo e a Espada

O CRISÂNTEMO E A ESPADA – BENEDICT

CARACTERIZAR O CENÁRIO DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS QUE INSPIRAM OS ESTUDOS DE CARÁTER NACIONAL E OS ASPECTOS METODOLÓGICOS DESSES TRABALHOS

O cenário das relações internacionais que inspiram os estudos de “caráter nacional” remonta desde o começo da II Grande Guerra até o início da Guerra Fria.
O ataque japonês à base militar de Pearl Harbor, em 1941, foi o estopim para a entrada dos norte-americanos na II Guerra Mundial. Este conflito entre Estados nacionais foi o principal cenário para o surgimento de uma “nova” antropologia. “Nova” porque pela primeira vez as nações foram transformadas explicitamente em objetos de análise. Enquanto os EUA entravam na guerra, a escola norte-americana de cultura e personalidade iniciava os estudos de “caráter nacional”.
A intervenção americana na II Grande Guerra não representou a primeira participação dos EUA em conflitos bélicos cujos atores principais eram Estados europeus. Em abril de 1917, quando foi declarada guerra contra a Alemanha e seus aliados, houve uma divergência entre os estudiosos americanos da época. Mas, muitos deles opinavam a favor de uma posição de neutralidade por parte do país (EUA). Na área antropológica, esses desentendimentos exacerbaram depois da guerra, na reunião anual da American Anthropological Association (AAA) de 1919, quando Franz Boas foi afastado da presidência da Associação. A AAA censurava Boas devido a uma carta publicada em 1919 e por suas posições pacifistas contrárias à intervenção norte-americana na I Grande Guerra.1
Em contraste, a intervenção americana na II Guerra Mundial ocasionou uma unanimidade entre os estudiosos. Um grupo de antropólogos criou em 1939 o Committee for National Morale, que tinha como objetivo produzir uma reflexão sobre a cultura nacional de forma que esta fosse capaz de fornecer idéias que possibilitariam manter elevada a moral americana frente ao conflito. Após o ataque a Pearl Harbor, os membros do Committee passaram a