O Cristianismo e a Filosofia
Quando o Cristianismo entrou em cena pretendeu ser ao mesmo tempo verdade teórica e informação prática da vida. "Eu sou o caminho, a verdade e a vida", declara o seu fundador. A verdade é considerada como algo de absoluto e eterno, porque é verdade não somente humana mas também divina revelada. "O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão". É também a informação da vida, o "caminho e a vida" é algo de absolutamente certo, conduz seguramente à "salvação". Com uma tal segurança não estava habituada a filosofia antiga. Não se apresentava ela como a encarnação do Logos e da eterna sabedoria mesmo, mas queria ser apenas amor da sabedoria. A verdade porém ela já queria oferecê-la e também pretendia a direção dos homens; isso o foi ela desde o começo e particularmente na época helenística, quando o antigo mito se desvaneceu e a filosofia tinha que cuidar das almas, para substituí-lo. Desta atitude, parte idêntica e parte diversa, deste encontrarem-se na busca do mesmo fim e diferirem na escolha dos meios e do caminho para o fim, resulta a posição do Cristianismo nascente relativamente à filosofia antiga: ele a rejeita para de novo aceitá-la. A evolução das relações entre a religião e a filosofia, decidida finalmente pela posição de Agostinho em favor de. uma síntese positiva, foi de importância capital até hoje para a história do ocidente. Agora podia a fé tornar-se teologia, o ensino das doutrinas sagradas, literatura; o Cristianismo, cultura. Seus representantes já não precisavam, viver num (gueto, mas podiam calcar o solo do fórum, os auditórios das universidades, as sedes das.reuniões dos parlamentos e dos ministérios. O Cristianismo tinha já dito simao mundo e já não queria convertê-lo, pois o condenava. Mas a tensão interna com isso não desaparecia. A problemática perdurava. Se o pensamento natural e a revelação sobrenatural são realmente algo de "diferente"’, poderá haver entre eles algo de