O corvo

Analise do Corvo

"O Corvo" de Allan Poe lembra muito o romantismo negro nascido na Inglaterra em meados do século XVIII, tendo sua como principal característica o terror. A narrativa de terror ou gótica penetra tardiamente em Portugal, já na terceira década do século XIX, altura em que se assiste ao surto do romance histórico, outro subgênero com o qual a primeira se vem confundir. É neste tipo de romance que comparecem os ingredientes habituais da literatura negra: cenários medievais, castelos e abadias geralmente em ruínas; paisagens sombrias e aterradoras; figuras de salteadores e vilões; espétros e cadáveres. Assim também Poe, irreverente e sombrio no texto, cria uma ficção realista em que a morte é a figura principal. Seu narrador é em primeira pessoa e mostra-se apático, o leitor tem impressão pessoal de conhecê-lo de tão intimo que ele esta com a narrativa. A narrativa acompanhada da dor do poeta, ele anseia o final do sofrimento entediante do quarto que parece muitas vezes assombrado pelos sons da escrita. O terror da noite e da solidão assombra o narrador personagem, é uma verdadeira agonia da alma do escritor. O vento e nada mais refrigeram o pensamento de quem lê, mas a figura do corvo enegrece a escuridão da noite e os pensamentos de quem o vê. Assim se dá o vinculo do corvo com o personagem, que tenta fingir que aquilo não esta acontecendo, mas é real.

No poema de Poe, é encontrado refrão melancólico introduzido pelo corvo. Lembremos um trecho de sua trama: alguém que busca nos livros "um saber esquecido" (a quem chamaremos de neófito – que quer dizer novato, pagão.) recebe certa noite a visita de um corvo. Este só emite um som, Nevermore, palavra enunciada a cada fim de estrofe, que ganha a cada vez um novo sentido. Dado o contexto do diálogo, este refrão significa a cada vez: você não a esquecerá nunca mais, você não se acalmará nunca mais, você não a beijará nunca mais, eu não te deixarei