o cortiço
Mário de Andrade
Abancado a escrivaninha em São Paulo
Na minha casa da Rua Lopes Chaves
De repente senti um friúme por dentro.
Fiquei trêmulo, muito comovido
Com o livro palerma olhando pra mim.
Não vê que me lembrei que lá no norte, meu Deus! Muito longe de mim
Na escuridão ativa da noite que caiu
Um homem pálido, magro, de cabelo escorrendo nos olhos,
Depois de fazer uma pele com a borracha do dia,
Faz pouco se deitou, está dormindo.
Esse homem é brasileiro que nem eu.
Analise de Texto
O poema retrata a súbita preocupação de um homem que mora numa grande cidade e está no conforto de seu lar. O frio que fazia levou-o em pensamento na direção das pessoas do Norte do Brasil, região em que há uma grande incidência de miséria e pobreza. O eu poetico que narra o poema em primeira pessoa, imagina um pobre homem cujo corpo demonstra as marcas do sofrimento e que já está dormindo. O eu poético num ímpeto de caridade, afirma que esse homem é brasileiro e se é brasileiro, então é ele, o poeta. A mensagem que este poema tráz é que vez em quando é bom a gente se colocar no lugar do outro para poder sentir na pele o que o outro está passando.
“ACEITARÁS O AMOR COMO EU ENCARO”
Mario de Andrade
Aceitarás o amor como eu o encaro ?...
...Azul bem leve, um nimbo, suavemente
Guarda-te a imagem, como um anteparo
Contra estes móveis de banal presente.
Tudo o que há de melhor e de mais raro
Vive em teu corpo nu de adolescente,
A perna assim jogada e o braço, o claro
Olhar preso no meu, perdidamente.
Não exijas mais nada. Não desejo
Também mais nada, só te olhar, enquanto
A realidade é simples, e isto apenas.
Que grandeza... a evasão total do pejo
Que nasce das imperfeições. O encanto
Que nasce das adorações serenas.
Analise do Texto
Aceitarás o amor como eu o encaro ?...
Se dirige a pessoa desejada.
Azul bem leve, um nimbo, suavementeMetaforicamente, diz que esse sentimento é