o corpo fala
AS LEIS E ALGUNS DE SEUS PARADOXOS
Meu percurso na psicanálise se iniciou no século passado: saindo da faculdade de psicologia, iniciei minha formação na Escola Brasileira de Psicanálise Movimento
Freudiano em 1993 e desde então faço um trilhamento que passa pela Escola e, às vezes, pela universidade. Não atribuo à universidade uma dimensão da formação analítica, mas passo por ela em meus estudos. Minha pesquisa de mestrado mostra um pouco deste percurso: trabalhei sobre a prática psicanalítica com “adolescentes em conflito com a lei” internados sob medida socioeducativa de restrição de liberdade. Tal pesquisa discutiu a possibilidade e a importância de uma práxis psicanalítica em tais condições e mostrou que a complexidade de tais jovens não se exaure na problemática comumente apontada como o cerne da questão da violência em nosso país: a ausência do pai, por exemplo. O início desta prática se deu a partir de um convênio estabelecido entre o Movimento Freudiano e Departamento Geral de Ações Socioeducativas/RJ. Nascido de uma demanda social, a
Escola instituiu este campo de pesquisa e de formação e minha ida ao mestrado foi um dos desdobramentos deste campo na universidade. Na Escola trabalhamos, discutimos e publicamos reflexões sobre tal práxis. Na universidade, sistematizei em moldes acadêmicos uma discussão sobre a viabilidade da prática realizada. Com o mestrado concluído em 2003, dando sequência à minha formação permanente no Movimento Freudiano, solicitei mudança de gradus de analista praticante à membro analista e passei a coordenar o Núcleo de Iniciação aos Conceitos
Fundamentais da Psicanálise. A mudança na Escola não foi efeito de um título universitário mas sim consequência de um querer me responsabilizar por algum nível de transmissão da psicanálise. Cinco anos depois de concluído o mestrado voltei à universidade para um
desdobramento