O continente africano
O tráfico de seres humanos constitui um crime grave contra as pessoas. A falta de dados pormenorizados sobre o fenómeno representa um problema, especialmente nos países de África. Muitos casos não são declarados, pois as vítimas têm medo de prestar depoimento, não conseguem escapar à exploração, são expulsas logo que identificadas ou não procuram protecção oficial. O tráfico de pessoas a partir dos campos de refugiados e centros de acolhimento criados após catástrofes é igualmente preocupante. Este tráfico ocorre não só à escala internacional, mas também nacional. «A maior parte dos casos de tráfico de seres humanos não é conhecida, uma vez que apenas 0,4 por cento das vítimas são identificadas», refere o Departamento de Estado norte-americano.
Todos os anos, muitas brasileiras deixam sua região à procura de alternativas concretas de sobrevivência. Elas partem em busca de emprego ou melhores salários, mas descobrem que foram enganadas. Algumas acabam até escravizadas.
No Brasil, o alvo mais fácil do tráfico de pessoas para exploração sexual são mulheres jovens, de baixa escolaridade, que começaram a trabalhar cedo e migraram por falta de opção. Elas se encaixam no perfil geral de vulnerabilidade já apresentado nesta cartilha, com algumas outras características específicas: são negras ou morenas, solteiras, com filhos, sofreram abuso sexual na infância, prostituíram-se, tornaram-se viciadas em drogas. Mas é importante lembrar que este é o perfil mais comum, não o único: entre as vítimas deste crime há também gente de classe média, inclusive homens.
O tráfico de pessoas é o terceiro mais lucrativo do mundo, só perde justamente para o de drogas e de armas. A cada ano, esse crime movimenta cerca de 32 bilhões de dólares e faz