O consumo alienado
O ato do consumo é um ato humano por excelência, no qual o homem atende a suas necessidades orgânicas (de subsistência), culturais (educação e aperfeiçoamento) e estéticas. As necessidades de consumo variam conforme a cultura e também dependem de cada indivíduo. No ato de consumo participamos como pessoas inteiras, movidas pela imaginação, inteligência e liberdade. O consumo não-alienado supõe, mesmo diante de influências externas, que o indivíduo mantenha a possibilidade de escolha autônoma, não só para estabelecer suas preferências como para optar por consumir ou não. Num mundo em que predomina a produção alienada, também o consumo tende a ser alienado. O problema da sociedade de consumo é que as necessidades são artificialmente estimuladas, sobretudo pelos meios de comunicação de massa, levando os indivíduos a consumirem de maneira alienada. Multiplicam-se as ofertas de possibilidade de consumo. A única coisa a que não se tem escolha é não consumir! Os centros de compras se transformam em "catedrais do consumo", cujo apelo ao novo torna tudo descartável e rapidamente obsoleto. Vendem-se coisas, serviços, idéias. A estimulação artificial das necessidades provoca aberrações do consumo: montamos uma sala completa de som, sem gostar de música; compramos biblioteca "a metro" deixando volumes "virgens" nas estantes. A obsolescência dos objetos, rapidamente ”postos fora de moda", exerce uma tirania invisível, obrigando as pessoas a comprarem a televisão nova, ou o carro porque o design se tornou antiquado ou porque uma nova engenhoca se mostrou "indispensável". Como o consumo alienado não é um meio, mas um fim em si, torna-se um poço sem fundo, desejo nunca satisfeito, um sempre querer mais. A ânsia do consumo perde toda relação com as necessidades reais do homem, o que faz com que as pessoas gastem sempre mais do que têm. O próprio comércio facilita tudo isso com as prestações, cartões de crédito, liquidações, etc. Mas há um