O construtivismo e seus desvios: da política educacional ao professor
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), implantados a partir de 1997, trazem como fundamento o Construtivismo em sua versão educacional. Pretendem oferecer diretrizes para o trabalho do professor, trazendo objetivos, conteúdos e sugestões de atividades de cada área curricular, além de temas transversais a serem abordados em todas as disciplinas, como um meio de integrá-las entre si e à realidade do aluno. Em seu volume de Introdução (BRASIL, 2000), os Parâmetros mostram preocupação com o desenvolvimento do aluno, com a sua auto-estima e autonomia e expõem sua opção teórica, o Construtivismo, embora seja este entendido como um amálgama de teorias (Piaget, Vigotski, Ausubel) que pouco têm em comum. As tentativas de introduzir o Construtivismo na educação brasileira não são novas. A Lei 5692 de 1971 recorria à teoria dos estádios de Piaget, ao propor como categorias curriculares Atividades, Áreas de Estudos e Disciplinas. Segundo a exposição de motivos na época, na categoria Atividades não havia a divisão por disciplinas, era considerada adequada ao período Operacional Concreto e destinava-se às séries iniciais; as Áreas de Estudos serviam às séries intermediárias, quando eram agrupadas, por exemplo, História e Geografia na grande área de Estudos Sociais; e as Disciplinas propriamente ditas eram reservadas para as séries finais do antigo 1o Grau juntamente com o Colegial. Mas, desde essa época, a tentativa de “aplicar Piaget” na educação já era em si problemática e apresentava nitidamente um desvirtuamento das idéias piagetianas (CHAKUR, 1995). Atividade se reduzia a ação material e havia confusão entre os conceitos de intuitivo e concreto. Além disso, não tinha sentido a