O Comportamento como Objeto da Psicologia
Watson não deu início à investigação do comportamento em Psicologia. Mais de uma década antes de seu manifesto (Watson, 1913/1994), o comportamento animal já era estudado experimentalmente por pesquisadores que se ocupavam de questões então consideradas afeitas ao campo psicológico. O mais notório exemplo da psicologia comportamental do século XIX foi Edward Lee Thorndike (1874-1949), que estudou a aprendizagem em humanos e não humanos e formulou a lei do efeito. Se alguma dúvida houver sobre a pertinência da pesquisa de Thorndike aos assuntos da Psicologia, basta considerar o título da monografia de 1898 na qual já estava implícita (cf. Catania, 1999) a Lei do Efeito: A Inteligência Animal (Thorndike, 1898/1998). Nessa monografia, Thorndike fazia referência à "vida mental dos animais" (p. 1125) e buscava examinar seus processos de "associação e hábitos". O artigo sumarizava seus experimentos de então, com gatos em caixas-problema, em que eram colocados em privação de alimento e apenas quando emitiam respostas específicas (pisar em uma plataforma, puxar uma corda, ou pressionar uma barra) ganhavam acesso ao alimento. Uma referência ao que mais tarde seria apresentado como a lei do efeito aparecia na conclusão do texto: as associações "significam simplesmente a conexão de um determinado ato com uma determinada situação e o prazer resultante" (p. 1127).
Também em 1898, Thorndike já postulava a necessidade de "experimentos cruciais, planejados cuidadosamente", que poderiam informar corretamente sobre o comportamento animal, ou melhor, poderiam "não apenas dizer precisamente o que eles fazem e prover a tão necessária informação sobre como o fazem, mas também informar-nos sobre o que sentem enquanto agem" (1898/1998, p. 1126). Segundo Hearst (1999), os estudos de Thorndike em 1898 teriam sido reconhecidos pelo próprio e por outros autores (Pavlov incluído) como "a primeira aplicação ampla e deliberada do método