O cego o elefante
Acharam seis cegos sentados á beira da estrada, nas proximidades da cidade de Jericó, pedindo esmolas. Ouviram falar em um animal chamado elefante, mas não faziam a menor idéia do que era.
Um belo dia aconteceu cruzar, na estrada em que se achavam os seis cegos, um homem conduzindo um elefante domesticado. Informados do fato, os cegos rogaram ao guia que parasse e lhes permitisse examinar o animal. Impossibilitados de ver com os olhos, iriam conhecer pelo tato- como fazem- o animal que lhes interessava.
O primeiro cego apalpou o elefante nas ilhargas e disse:
Já sei! O elefante é tal qual um muro, forte e áspero.
O segundo passou as mãos pelas presas e afirmou:
Enganou-se, meu amigo. O elefante é mais parecido com lanças do que com muros; é redondo, liso e agudo na extremidade. Eu é que sei como é um elefante.
O terceiro correu seus dedos pela tromba do paquiderme e declarou com segurança:
Ambos estão enganados. Quem tiver a menor parcela de juízo só dirá que o elefante é parecido com uma grande cobra.
O quarto cego, porém, estendeu os braços, abraçou uma das pernas do amigo e disse:
O pior cego é aquele que não quer ver! O elefante, não há dúvida, é assim a modo de uma palmeira! Asseguro que ele é alto e roliço como um coqueiro.
O quinto cego, homem de elevada estatura, alcançando a mão, apanhou a orelha do elefante, apalpo-a e afirmou categoricamente:
Precem tontos! O elefante é uma grande ventarola!
Adiantou-se, finalmente o sexto cego e, segundo o elefante pela cauda, exclamou:
-Quanta cegueira! Não percebem vocês patavina. O elefante nada tem a vê com muro, lança. cobra, palmeira ou ventarola! O elefante é apenas um pedaço de corda!
O guia então tocou para frente o elefante. O enorme animal continuou a viagem e os seis cegos ficaram á beira da estrada a discutirem exaltados, insultando uns aos outros com pesadas palavras, porque não chagaram a um acordo sobre a forma exata de um elefante.