O caso anna o
1. História de Vida
Bertha Pappenheim (1859 – 1936), mais conhecida como Anna O, era neta de uma pessoa importante do gueto judeu de Eherenburg e havia herdado uma grande fortuna. Seu pai era um rico comerciante de cereais em Viena e sua família pertencia a uma comunidade judaica estritamente ortodoxa.
Sabe-se pouco sobre sua infância e adolescência. Ela falava inglês fluentemente, lia francês e italiano e levava uma vida habitual das jovens vienenses da alta sociedade, praticando esportes ao ar livre, sobretudo a equitação.
Após a recuperação de sua doença nervosa, Bertha dirigiu, a partir de 1895, um orfanato, fez várias viagens ao Oriente Médio e Rússia para fazer investigações sobre o tratamento de escravas brancas e sobre a prostituição. Em 1904, fundou a Liga de mulheres judias e três anos depois, um estabelecimento de ensino filiado a essa organização. Foi responsável também pela criação de casas de recuperação de prostitutas. Todo esse trabalho fez dela a fundadora do Serviço Social na Alemanha e uma das primeiras mulheres a lutar pelos direitos femininos, no início do século.
Morou com sua mãe até o falecimento desta e morreu solteira em Frankfurt, em 1936.
2. Relações Familiares
A nascer, seus pais já tinham uma filha de dez anos que morreu quando Bertha contava oito anos, e haviam perdido a segunda de quatro anos. Um ano após o nascimento da paciente, nasceu seu irmão caçula, que segundo os dados aportados por Lucy Freeman, foi criado como um príncipe. Bertha sempre foi muito apegada a seu pai que lhe ensinou a ler ao quatro anos de idade. A rivalidade com seu irmão aparece em seus depoimentos, quando se queixa de que seus estudos foram medíocres enquanto para ele um estudante menos brilhante, não se pouparam quaisquer gastos. Queixava-se sobretudo, de que para ela, uma jovem inteligente e imaginativa, haviam sido destinados o piano e os bordados.
Além das dificuldades de relacionamento com o irmão, Bertha não se dava muito bem