O casamento na sociedade pós moderna
O artigo “Casamento e Família no século XXI: Possibilidade de holding?” de Isabel Cristina Gomes e Maria Lucia de Souza Campos Paiva aborda os dilemas da nova estruturação familiar, os paradigmas do passado que atuam hoje como problemáticas tanto individual, como conjugal e consequentemente familiar. A busca pelo entendimento de que a maturidade emocional desenvolve-se a partir da flexibilidade do relacionamento e na autonomia do indivíduo, entre outros aspectos não a ser atingida apenas com o nascimento de um filho e como a terapia pode ajudar neste processo, são alguns temas abordados.
Winnicott nos traz a visão da sociedade pós moderna, caracterizada pelo descarte de relações, pela agregação de familiares não sanguíneos e de adaptação as novas hierarquias e papéis do casal quanto ao regimento de uma família. Lasch, interpreta essa realidade como um refúgio de um mundo sem coração. Com tudo, se analisarmos a sociedade atual, podemos identificar certo egoísmo quanto aos prazeres idealizados, desde a felicidade até emoções momentâneas, sem a preocupação do embaraço cognitivo que poderá causar as pessoas do mesmo convívio.
Conforme análise de Gomes, os movimentos sociais interferiram diretamente na estruturação familiar. Nos encontramos ainda em um período de transição deste novo perfil, da igualdade de obrigações da mulher no lar, porém, muitas vezes a sobrecarga da mesma quanto aos deveres e a remissão da feminilidade perante o casamento, da nova postura masculina, da aceitação do homem neste lugar e das diversas reações perante tais mudanças.
Partindo deste contexto, o casamento, segundo Calialligaris parece ser a condição essencial para o desenvolvimento e crescimento de todos os envolvidos. A aceitação do outro como ele é, a aproximação de ligações misturadas e fusionais e o conflito como ponto de partida para discussões saudáveis e de potencial criativo (Colman), são formas e saídas de reinvenção do casamento