O casamento da maria feia
O CASAMENTO DE MARIA FEIA
Rutinaldo Miranda Batista Júnior
Personagens: Lamparina, cangaceiro Maria Feia, filha de Lamparina Zé das Baratas Matilde, irmã de Zé das Baratas
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Cenário: tela, ao fundo, com povoado nordestino. Lamparina e Maria Feia usam trajes de cangaceiro. Zé das Baratas, camisa social abotoada no pulso. Matilde, vestido florido de chita e um chapéu. * Os trechos entre duplo colchete são para o teatro de rua. Podem ser total ou parcialmente omitidos no palco convencional. Zé das Baratas e Matilde em cena. [[Matilde – (para o público) Minha gente chegue mais. Chegue mais pra escutar. Essa é uma história esquisita, que deu no que falar. É o Casamento de Maria Feia, a mulher que ninguém queria namorar. E se você quer assistir, preste atenção que agora vai começar. Porque eu também fiz parte dela. Eu também estive lá. Matilde se coloca ao lado de Zé]] Zé fica olhando atentamente pro chão, procurando alguma coisa. Ele começa a usar um borrifador de veneno em volta. Matilde faz anotações numa caderneta. ZÉ – Vir pra esse sertão foi a pior coisa que me aconteceu. Nessa terra não tem nem barata! MATILDE – Isso é verdade, Zé. Eu também (olhando ao redor) ainda não vi nenhuma cascuda por aqui. ZÉ – Pois eu digo uma coisa. Uma terra que não tem barata, não é uma terra civilizada, Matilde. Todo lugar que se preza tem uma baratinha subindo pelas paredes. Em Paris tem barata, em Nova York tem barata. Será que só aqui é que não tem?! MATILDE – Eu ainda acho que elas estão por aí, só que bem escondidas. A culpa mesmo é das galinhas. ZÉ – Das galinhas?! Que é que tem as galinhas?! MATILDE - O pessoal daqui deixa galinha andando solta por tudo que é lugar. E, antes de você, elas dão conta do serviço. ZÉ – Quer dizer que elas comem as baratas! MATILDE – Barata, carrapato, percevejo e até piolho de cobra. ZÉ - Não brinca, Matilde! Então (bota a mão no estômago, enojado) acho que eu vou vomitar. MATILDE – Mas por quê? ZÉ - Porque