O carnaval, ou o mundo como teatro e prazer
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O CARNAVAL, OU O MUNDO COMO TEATRO E PRAZER Logo no início do capítulo, DaMatta expõe a festa como oposição do cotidiano, ou saída da rotina, caracterizando esta última como castigo ou o trabalho que cansa o indivíduo. A festa ainda pode ser tanto individual quanto coletiva, deixando na memória momentos bons, ruins e alguns até caírem no esquecimento. A oposição entre rotina e o extraordinário (festa) é comparada aos lados da moeda, ou seja, um faz com que o outro seja esquecido e que ambos são modos de exprimir-se. A questão é que a festa não é aceita pela sociedade industrial. Segundo o autor, para nós, brasileiros, na festa há uma ausência de hierarquia e nela rimos, comemos e bebemos sem as preocupações do dia a dia. Levando-se em conta que acidente é aquilo que não foi planejado ou previsto (sinal de que algo vai mal), DaMatta fala da festa como catástrofe, reviravolta, sendo planejada e provocando, de certa forma, a união. Cada sistema constrói sua festa. No caso do Brasil a mais importante, criativa, irreverente e livre é o CARNAVAL. Segundo o autor, ele é uma possibilidade de viver na ausência de miséria, obrigações, trabalho, pecado e deveres, uma oportunidade de fazer tudo ao contrário do cotidiano. É um momento para viver com excesso de prazer, riqueza, alegria e riso, ou seja, uma busca pela igualdade entre as classes. O carnaval é visto pelo autor como uma inversão de mundo, uma catástrofe positiva, esperada e planificada (necessária). Ocorre uma troca do dia pela noite e faz o uso do corpo para se embelezar. O corpo é gasto pelo prazer e alegria e não pelo trabalho. Outro ponto importante é o uso de fantasias, que permite a troca de posição, na qual você pode ser o que você quer, contrapondo o significado de uniforme, que é usado no cotidiano para criar ordem e moldar a pessoa. A fantasia é vista como possibilidade de disfarce e liberação. No carnaval, tudo estaria fora do lugar (“carnavalizado” ─ conceito introduzido por Bakhtin no estudo