O Capitalismo visto por Kalecki
Kalecki, ao contrário de Keynes, inspirou-se muito mais na economia marxista do que no marginalismo. Seu objetivo não era, como o de Keynes, salvar o capitalismo das conseqüências de suas contradições, mas sobretudo analisá-las com todo o rigor. Kalecki não dividia o mundo em consumidores de um lado e empreendedores do outro, mas em trabalhadores e capitalistas. Os primeiros ganham salários apenas suficientes para sua sobrevivência e, portanto, tem que dispendê-los de bens de consumo. É por isso que Kalecki diz que: “os trabalhadores gastam o que ganham e os capitalistas ganham o que gastam.” É claro que além de trabalhadores e capitalistas há outros setores que integram a demanda efetiva: o estado e o resto do mundo (exportações). A demanda efetiva também crescerá se estado gastar mais do que do que arrecada sob a forma de tributos (déficit orçamentário) se o país conseguir exportar mais do que importa (excedente na balança comercial). A decisão crucial, no entanto, é dos capitalistas quanto a investir. A relação entre produto e lucros depende de fatores de distribuição de renda, que por sua vez, dependem do grau de monopólio das empresas. O mundo capitalista visto por Kalecki é regido por decisões dos capitalistas quanto a inversão, por decisões do estado quanto ao equilíbrio orçamentário internacional. Nesse mundo os ciclos de conjuntura são inevitáveis, mas, a profundidade das crises e sua duração dependem de decisões políticas e não apenas de forças cegas do mercado. Kalecki, ainda durante a crise em 1929, escreveu um artigo profético, “The policial Aspects of Full Employment”, da conjuntura dependerá cada vez mais de decisões políticas do que resultaria o “o ciclo de conjuntura político” o que permite entender as contradições que o capitalismo contemporâneo apresenta.