o capital resumo
Vamos lá: o filme é bom, preciso confessar. Os franceses estão aprendendo a fazer cinema para o público, não apenas para os próprios produtores e seus amigos pseudo-intelectuais (tudo pago pelo público por meio de impostos, naturalmente). De olho no consumidor, os filmes têm melhorado, ficado menos arrastados e maçantes. Mas a mensagem...
Orçado em 8 milhões de euros, o filme simplesmente detona o capitalismo. Não que aquilo retratado no filme não exista; mas é que pega uma exceção e transforma em regra, de forma totalmente caricatural. O mundo das finanças é cruel, especuladores só pensam em ferrar os outros, banqueiros são mafiosos, ninguém liga para os pobres, a insensibilidade é total: eis o retrato do sistema capitalista.
Os americanos, então, nem se fala! Em filme francês não poderia faltar esse toque de antiamericanismo. O capitalismo caubói é o pior de todos, e os ianques só pensam em lucrar para ontem, e dane-se o resto. A cultura e as políticas sociais francesas teriam que desaparecer para a lucratividade do banco aumentar um pouco. É só o que importa.
Você sai do filme sem ter a menor ideia de que as leis trabalhistas francesas jogam milhões no desemprego, que o custo social é um entrave para o progresso, que o doce estilo de vida da elite francesa acaba sendo responsável, em parte, pela falta de dinamismo econômico que gera riqueza e empregos de verdade. Nada disso. Banqueiros são gente ruim, os americanos são os piores, e por isso há desemprego.
Em uma cena de total proselitismo, o ator principal, muito bom por sinal, está em almoço de família debatendo com o tio socialista. O tio é sensível, preocupa-se com os pobres, e pergunta como ele consegue dormir sabendo que seus milhões