O capital humano
Reter e atrair talentos tornou-se uma questão de vida ou morte para as empresas
Você está concentrado, trabalhando na sua sala, quando a secretária entra e diz aquela frase fatídica: "Fulano de tal está aí fora e precisa muito falar com você". O tal "fulano", claro, é o seu melhor executivo. É o mais promissor. Está resolvendo uma porção de problemas. Você e a empresa já investiram e vêm investindo pesado nele. Fazer o quê? Você o recebe. E aí ouve exatamente aquilo que passou pela sua cabeça numa fração de segundo, quando a secretária o anunciou. "Não é nada pessoal, gosto muito de você e adoro a empresa", diz ele. "Mas recebi uma proposta irrecusável."
Notícia dura? Se é. Dura, séria, exasperante, custosa - e cada vez mais freqüente no mundo empresarial. Por mais atrativos materiais e perspectivas de crescimento que se ofereçam ao profissional, ninguém, ninguém mesmo, está a salvo de ter que encarar uma conversa dessa. No ambiente de trabalho de hoje a velha história da lealdade que o funcionário tinha que ter com a empresa foi para o espaço. Morto e sepultado está o tempo em que as empresas ofereciam aos seus empregados a garantia de uma carreira até a aposentadoria - e em troca tinham deles fidelidade também até a aposentadoria.
Reestruturações, reengenharias, downsizings, rightsizings - todos esses nomes, no fundo, são sinônimos sofisticados de uma única coisa: corte de custos, a começar por gente. Poucas empresas no Brasil e no mundo conseguiram se manter à margem disso nos últimos anos. De acordo com um artigo recente publicado no Wall Street Journal, a maioria das 500 maiores empresas americanas listadas anualmente na revista Fortune está sofrendo os efeitos da chamada "síndrome dos sobreviventes de demissões", na qual a desconfiança e a ansiedade substituem os sentimentos de lealdade e segurança. O outro lado dessa moeda é que também a lealdade do empregado em relação à empresa deixou de existir -- ao menos no seu modelo