O capital. cap1
Cap. I – A Mercadoria
1. Os dois fatores da mercadoria: valor de uso e valor
A riqueza das sociedades em que domina o modo de produção capitalista aparece como uma imensa coleção de mercadorias e a mercadoria individual como sua forma elementar -> análise da mercadoria. A mercadoria é, antes de tudo, um objeto externo, o qual pelas suas propriedades satisfaz necessidades humanas de qualquer espécie. Cada coisa útil deve ser encarada sob duplo ponto de vista, segundo qualidade e segundo quantidade. A utilidade de uma coisa faz dela um valor de uso. Essa utilidade é determinada pelas propriedades do corpo da mercadoria, ela não existe sem o mesmo. O exame dos valores de uso pressupõe sempre sua determinação quantitativa. O valor de uso realiza-se somente no uso ou no consumo, e constituem o conteúdo material da riqueza, qualquer que seja a forma social desta. Na forma de sociedade a ser por nós analisada, eles constituem, ao mesmo tempo, os portadores matérias do valor de troca. O valor de troca aparece, de inicio, como a relação quantitativa, a proporção na qual valores de uso de um espécie se trocam contra valores de uso de outra espécie, uma relação que muda constantemente no tempo e no espaço. O valor de troca aparece, portanto, como algo casual e puramente relativo. Primeiro, os valores de troca vigentes da mesma mercadoria expressam algo igual; segundo, porém, o valor de troca só pode ser o modo de expressão, a “forma de manifestação” de um conteúdo dele distinguível.
É precisamente a abstração de seus valores de uso que caracteriza evidentemente a relação de troca das mercadorias. Dentro da mesma um valor de uso vale exatamente tanto como outro qualquer desde que esteja disponível em proporção adequada.
Como valores de uso, as mercadorias são, antes de mais nada, de diferente qualidade, como valores de troca só podem ser de quantidades diferentes, não contendo, portanto, nenhum átomo de valor de uso. Deixando de lado então o valor