O Cangaço em Sergipe
O pequenino Sergipe, entre todos os estados pelos quais o flagelo do cangaço deixou suas marcas, tem lugar de destaque. Entramos definitivamente para a história do banditismo nacional, de forma excepcional e definitiva, no dia 28 de Julho de 1938, quando na gruta de Angicos, localizada no município de Poço Redondo, o tenente alagoano João Bezerra e sua volante, liquidou Virgulino Ferreira da Silva, o afamado Lampião, e parte de seus seguidores, interrompendo um reinado de quase 20 anos.
Em solo sergipano, os grupos de famigerados com seu chefe à frente, adentram pela primeira vez no dia 26 de fevereiro de 1929. A cidade de Carira foi escolhida para a indesejável visita dos fugitivos das volantes baianas. Dessa empreitada, conforme alguns relatos participaram apenas sete feras sedentas de tudo, o que já era suficiente para aterrorizar qualquer povoação, e ali se utilizou mais uma vez a tática do bom visitante, amigo, cordial e respeitoso, que não pretendia cometer atos violentos, pagando por tudo que precisava, e promovendo festas.
As estripulias em nossas terras gradativamente tornaram-se rotineiras. O rastro do mal logo se fez notar, trazendo ao pacato sergipano a dor da humilhação, as lágrimas pelos entes queridos ultrajados em sua honra ou mortos, as chantagens e extorsões. Como sempre acontecia, uma rede de colaboradores logo foi arquitetada, garantindo uma relativa segurança à cabroeira. Curiosamente, conforme relatos, o estado de Sergipe foi o que mais contribuiu com elementos para os grupos de meliantes, através do município de Poço Redondo.
Nossa Senhora da Glória, Pinhão, Frei Paulo, Alagadiço, Gararú, Aquidabã, Saco da Ribeira (Ribeirópolis), Monte Alegre, Canindé e Capela, onde a célebre chegada do malfazejo é contada até hoje, foram cidades testemunhas da aventura cangaceira. E muitos ainda recordam desse tempo sinistro. O nome de Zé Baiano, com seu ferro em brasa, que deixou marcas indeléveis no corpo de algumas mulheres