o brinquedo
O BRINQUEDO
Fernando sentia um misto de euforia e vergonha no dia do brinquedo. Ficava todo animado, pois brincaria com coisas diferentes. Porém, tentava esconder seu próprio brinquedo para que ninguém visse.
Assim que a professora anunciou a hora da brincadeira, os alunos tiraram da mochila o equipamento de diversão. Fernando aproveitou o alvoroço e depositou no meio dos diversos brinquedos um carrinho artesanal, feito pelas mãos habilidosas de seu avô Lourival.
Sendo de uma família muito humilde, raramente ganhava brinquedos. Sabendo disso, o avô o presenteava com carros, caminhões e até bonecos de madeira. Brincar em casa era divertido, mas sempre tinha receio de que os amigos fizessem alguma troça por só trazer artesanato e não um daqueles belos e brilhantes objetos de divertimento que passavam na televisão.
Ao iniciarem as brincadeiras, Fernando encontrou um boneco de seu super-herói preferido. Não podia acreditar que poderia brincar com aquela réplica que piscava luzes e imitava a voz do herói. O garoto, que sempre quis ter um daqueles bonecos, viajou na brincadeira e nunca antes a hora do brinquedo passara tão rápida.
Quando a professora anunciou que estava na hora de se arrumarem para a saída, foi aquele tumulto. A criançada correndo, pegando cada um seu brinquedo e colocando dentro das bolsas.
Ao chegar em casa, Fernando teve uma surpresa. Por engano, havia colocado dentro da mochila o boneco do herói e, certamente, alguém também levara seu carrinho de madeira enganado.
Segurando o brinquedo com as duas mãos, Fernando sentiu o forte desejo de possuí-lo. Não o devolveria na sala. Naquela confusão, ninguém jamais suspeitaria de quem havia pegado o brinquedo.
Porém, essa ideia foi confrontada com a voz de sua consciência. Aquilo seria como roubar alguém. Mas Fernando queria muito ter o brinquedo e sabia que jamais teria condições de comprar um.
Não conseguiu brincar com o boneco naquela noite e dormiu pensando se