O brincar como forma de ser e estar no mundo.
Ângela Mayer Borba [...] As crianças são inclinadas do modo especial a procurar todo e qualquer lugar de trabalho onde visivelmente transcorre a atividade sobre as coisa.
Sentem-se irresistivelmente atraídas resíduo que surge na construção, no trabalho de jardinagem ou doméstico, na costura ou na marcenaria. Em produtos residuais reconhecem o rosto que o mundo das coisas volta exatamente para elas,e para elas unicamente. Neles, elas menos imitam as obras dos adultos do que põem materiais de espécie muito diferente, através daquilo que eles aprontam no brinquedo, em uma nova busca relação entre si. Pipa, esconde-esconde, bolinha de gude, bate-mãos amarelinha queimada, cinco-marias, corda, pique-bandeiras, polícia e ladrão, elástico, casinha, castelos de areia, mãe e filha, princesas, super-heróis... Brincadeiras, que nos remetem a nossa própria infância e também nos levam a refletir sobre a criança contemporânea: de que as crianças brincam hoje?
De que forma o mundo contemporâneo, marcado pela falta de espaço, pela pressa, pela influência da mídia, pelo consumismo e pela violência se reflete nas brincadeiras?
Porque à medida que avançam os segmentos escolares se reduzem os espaços e tempos de brincar e as crianças vão deixando de ser crianças para serem alunos?
Que relações tem o brincar com o desenvolvimento, a aprendizagem, a cultura e os conhecimentos?
A brincadeira não é algo já dado na vida do ser humano, ou seja, aprende-se a brincar, desde cedo, nas relações que os sujeitos estabelecem com os outros e com a cultura.
Os processos de desenvolvimento e de aprendizagem envolvidos no brincar são também constitutivos do processo de apropriação de conhecimentos!
A brincadeira é um lugar de construção de culturas fundado nas interações sociais entre as crianças. Ao planejarmos atividades lúdicas, é importante perguntar: a que fins e a quem estão servindo?
O eixo principal em