O Brasil e a Rodada Doha da OMC O Brasil e os demais países em desenvolvimento entendem que o centro das negociações da Rodada Doha são as negociações em agricultura. Este setor, onde se concentram boa parte das exportações e do produto dos países em desenvolvimento, foi, no passado, objeto de menor atenção nas rodadas de negociação comercial, razão pela qual ainda goza de elevada proteção contra importações em muitos países. Nesse sentido, a Rodada objetiva corrigir tanto quanto possível as distorções que prevalecem no comércio agrícola, com a eliminação dos subsídios à exportação, além de maior acesso aos mercados. Se as nações em desenvolvimento como Brasil e Índia querem que a UE (União Europeia) e os EUA (Estados Unidos da América) diminuam os subsídios (incentivos oferecidos pelo governo aos produtores, proporcionando a redução dos custos de produção), os países desenvolvidos querem em troca, a abertura aos produtos industrializados europeus e americanos. No cenário atual de crise econômica e consequente aumento das pressões protecionistas, a conclusão da Rodada torna-se ainda mais necessária, por fortalecer a credibilidade da OMC e do sistema multilateral de comércio. Entretanto, houve poucos progressos. As perspectivas não são muito positivas. O quadro de negociação em Davos (Suíça), julho de 2008, permanece inalterado. Nesta reunião, que durou sete dias, ministros representando o comércio de 30 países reuniram-se para tentar desbloquear a rodada e conseguir estabelecer a redução dos subsídios agrícolas e o corte de tarifas aos produtos agrários e industriais, mas não houve consenso nas negociações. [ITAMARATY] Roberto Azevêdo, diretor geral da OMC, diz que o maior desafio ao assumir o comando da Organização Mundial do Comércio (OMC) será a retomada da Rodada Doha. Esse processo, segundo ele, deve acontecer em duas etapas. A expectativa de Azevêdo é finalizar, até o encontro ministerial de Bali, na Indonésia (ocorrerá em dez), alguns pontos