O Brasil e a geopolítica mundial: Brasil – Tordesilhas, ano 2000. Bertha K. Becker
Tordesilhas pode ser entendido como símbolo da tensão fronteira-limite para partilhar o poder mundial. Atualmente novas formas de Tordesilhas se desenham no cenário mundial O Tratado de Tordesilhas, assinado em 1494 deu novo significado às categorias fronteira-limite. O Tratado de Tordesilhas pretendeu ordenar os dois pólos da acumulação, a riqueza circulante (os capitais) e a riqueza in situ (os tesouros potenciais), ou seja, o controle das grandes rotas de circulação e dos fluxos, e o controle da riqueza estocada nos territórios. Para Portugal, devido a sua supremacia nos mares, o controle das rotas de circulação. Para a Espanha o eldorado localizado nas terras americanas. O Brasil rompeu com a pretendida ordem de Tordesilhas, sua formação é a história da tentativa de articulação da riqueza circulante e da riqueza in situ. Os conceitos fronteira e limite assumiram novas conotações:
• Fronteira: É o futuro no presente. É um espaço não plenamente incorporado a sistemas estruturados e por isso, potencialmente gerador de realidades novas. Representa indiferenciação, transgressão e conflito.
• Limite: Significa diferenciação, contenção e consenso pelo reconhecimento do outro e, portanto, da própria identidade expressa, inclusive, por movimentos de autonomia e resistência.
No Brasil combinaram-se a “economia de fronteira”, baseada na incorporação contínua de terras e de recursos naturais e a geopolítica do Estado para controle do território e expansão das fronteiras internas resultando num país gigante dinâmico. Diferentes Tordesilhas configuram-se ante as pressões das grandes potências nos diferentes momentos da história. Não mais fundado numa linha que segue um meridiano, mais em linhas variadas reais ou virtuais que, em face a velocidade da mudança são cada vez mais efêmeras, mas que sempre significaram a tentativa de delimitar os amplos sistemas de controle