O Brasil e as Reformas
Introdução
O Brasil tem vivido nos últimos anos a feliz combinação de avanços econômicos e progresso social, em uma escala de que não se tem memória em muitas gerações. Se não foi muito bem em comparação com os competidores mais usuais, China e Índia, o crescimento da economia nos deixou em situação vantajosa no que se refere, por exemplo, ao emprego. Ao contrário dos rivais, crescemos no mesmo ritmo que nossos empregos e apoiados em prodigiosa expansão do mercado interno, por sua vez ineditamente abastecido por políticas sociais em sentido amplo. Nossos problemas remanescentes de crescimento social insuficiente continuam, entretanto vemos iniciativas em busca do crescimento econômico, pela queda da desigualdade e pelo desenvolvimento humano, aspirações mais exigentes, que serão muito provavelmente referências na formação de suas preferências políticas.
De qualquer forma, o Brasil não é uma ilha... Desde 2008 o mundo desenvolvido sofre as consequências de uma crise financeira com epicentro nos Estados Unidos e que, como um rastilho, se espalhou pelas economias europeias e, em menor medida, pelas emergentes, agora globalizadas. Nos Estados Unidos e em vários países da zona do euro a crise financeira se converteu em crise fiscal e, nessa qualidade, vem consumindo empregos, escolas, clínicas, proteção social, além de aumentar a pobreza e a desigualdade e gerar insegurança.
Os reflexos da crise se fazem sentir nas economias periféricas. O crescimento no Brasil apoiado no mercado interno e as políticas brasileiras anticíclicas (que visam suavizar as flutuações no nível da atividade econômica) foram muito efetivas para explicar o fato de o Brasil ser o último a entrar e o primeiro a sair da crise de 2008. No entanto, a crise internacional persiste. Os países em desenvolvimento sofrem, em particular, a crise cambial (momento este que estamos vivenciando com a alta do dolar). Nesse caso, ocorre o problema de dificuldade de