O brasil que poucos conhecem
Luiza Cristina Mota Feitosa
“Intérpretes do Brasil” (Editora Nova Aguilar, 2000), de autoria do ensaísta e crítico literário Silviano Santiago, é uma abordagem introdutória à coletânea de mesmo nome em questão, relatando de maneira descritiva e bem colocada uma sequência de fatos que narram o evoluir históricos do nosso país.
Desde o período escolar, os livros de história nos contam os processos de formação do território brasileiro e de sua nação. Mas muitos detalhes passam despercebidos ou o que ficam são peças soltas, pedaços de uma história que deveriam estar ao alcance de todos. E é na busca da compreensão mais aprofundada dessa identidade nacional, que o ensaísta explora, de maneira original e fluida, o processo de construção social que se deu desde a chegada dos portugueses, o período colonial e um pouco mais após a Independência do país.
Nas primeiras passagens, ele descreve a chegada dos portugueses nas nossas terras. De imediato, nossos ascendentes indígenas recém-vistos, são observados pelo olhar etnocêntrico europeu, que lhes atribuíram metáforas, como a “tabula rosa” ou o “papel branco”. Uma prévia do que, no futuro, estaria por vir: “aceitariam de bom grado a voz catequética do missionário jesuíta que, ao impô-los em língua portuguesa, estaria ao mesmo tempo impondo os muitos valores que nela circulam em transparência.”
O ensaísta também salienta tal preocupação e obsessão dos portugueses em identificar o chefe indígena ou o “principal” por entre a multidão. Algo que parecia ausente. O real interesse a cerca era estabelecer uma conexão política, já visando o exercício do poder e liderança naquelas terras onde a presença de um chefe demarcando o território era desnecessária. Esse fato era possível porque, para aquela sociedade indígena, a organização social não se estruturava a um “poder coercitivo”, a base de uma hierarquia entre os homens. A obediência a um “principal” só seria evidenciada em tempos de