O Brasil do açúcar
A ECONOMIA AÇUCAREIRA Sendo colônia de Portugal, o Brasil deveria dar lucros e atender às necessidades do rei, dos nobres e dos comerciantes da metrópole. Como aqui não se descobriram metais preciosos (ouro e prata), a Coroa decidiu tornar o Brasil um grande produtor de cana-de-açúcar. Havia três boas razões para essa escolha: a) o açúcar alcançava bons preços e consumo crescente na Europa; b) o Brasil apresentava condições favoráveis para o cultivo da cana: muita terra, solo fértil, clima quente e úmido; c) os portugueses já tinham experiência nessa lavoura, tendo produzido açúcar nas ilhas da Madeira, Açores e Cabo Verde. Em quase todas as capitanias, implantaram-se canaviais e engenhos, mas muitos fracassaram. Por volta de 1550, principalmente Bahia e Pernambuco tinham uma produção significativa. Para garantir o máximo de rendimento e atender ao mercado externo, plantava-se exclusivamente cana, em grande quantidade (monocultura). A lavoura canavieira demandava grandes extensões de terras: os latifúndios. O rei de Portugal autorizou os donatários e governadores-gerais a doarem terras somente aos colonos cristãos que tivessem recursos para explorá-las, pois o Estado português estava endividado e os custos para instalar uma fazenda de cana eram altos.
O tráfico de africanos A produção açucareira foi implantada na América em associação direta com o trabalho escravo. A produção em larga escala e o “serviço insofrível”, como qualificou Fernão Cardim, exigia um número imenso de trabalhadores submetidos a uma situação de exploração quase ilimitada. A maioria dos colonos portugueses que vinha ao Novo Mundo não se dispunha às desonrosas atividades manuais e desejavam, de imediato, obter terras e escravos para seu sustento. Mesmo assim, nos trabalhos especializados, que requeriam técnicas apuradas, utilizavam-se trabalhadores livres e artesãos. As tarefas rudes e árduas foram, desde o início, destinadas aos