O Brasil de Debret
O pintor francês Jean-Baptiste Debret (1768-1848) chegou ao Brasil em 1816, oito anos depois de dom João VI, como integrante da missão francesa. Ao longo de uma década e meia, tempo em que viveu no País, ele produziu o que é considerado o melhor retrato do período joanino Separadas por temas como religião, comércio e escravidão ,esboços feitos nas ruas . Ao chegar ao Brasil, Debret ainda estava impregnado de sua formação neoclássica. Aqui, foi mudando a sua arte tão logo começou a desenhar cenas do cotidiano da então capital imperial. “O encanto pelo Rio de Janeiro e pelo Brasil foi tanto que fez com que ele se despojasse do rigor que trazia da Europa”,. O trabalho de Debret sempre foi mais valorizado aqui do que na Europa e a maior parte de sua obra voltou ao País pelas mãos de colecionadores, entre eles o empresário Raymundo Ottoni de Castro Maya (1894-1968): em 1939, ele comprou do marchand franco-brasileiro Roberto Heymann 551 pinturas que englobavam esboços e aquarelas. Na verdade, há pouca coisa de Debret na França e em Portugal. Ele é preciosíssimo para o Brasil.
Segundo a historiadora Valéria Lima, autora dos livros Uma viagem com Debret e J-B Debret, historiador e pintor, as imagens do artista francês não são valiosas apenas por retratarem, isoladamente, cenas prosaicas do Rio de Janeiro. Valéria diz que, ao organizá-las no livro Viagem pitoresca e histórica ao Brasil, Debret apresentou sua interpretação da formação do País. “Ele é realmente um documentarista e isso, de certa forma, desmerece suas imagens. Uma coisa são as imagens soltas e outra, a organização que ele fez no livro, que mostrava sua visão do Brasil.”
A fotografia jornalística, as imagens que documentam o homem e o seu cotidiano, a cidade e o campo, a paisagem e os fatos gerados por ela, é hoje uma realidade