O BRASIL COMO REFERENCIA NO TRATAMENTO CONTRA O HIV
Jovens começam a ter relações sexuais mais cedo e, com a falta de prevenção, disseminam a doença entre heterossexuais
Sexualidade precoce leva Aids aos jovens
da Reportagem Local
Primeiro, a Aids era uma doença de homossexuais. Depois, um mal que atingia usuários de drogas injetáveis. Passou para os homens adultos heterossexuais e chegou às mulheres. Agora, se espalha entre adolescentes heterossexuais, reflexo da sexualidade precoce combinada à ausência de prevenção.
Os homossexuais e os drogados lideravam, com folga, a lista das principais vítimas da Aids na adolescência. Hoje, a principal categoria, entre pessoas de 15 a 20 anos, é dos heterossexuais (veja quadro).
A mudança do perfil é encontrada na Casa da Aids, da USP. "Recebemos hoje mais mulheres e cada vez mais jovens", diz o supervisor da Casa da Aids, Olavo Munhoz Leite. A tendência também aparece nos ambulatórios que atendem grávidas para pré-natal, o que tem provocado pesquisas sobre as causas do fenômeno.
O professor Aristodemo Pinotti, diretor do Hospital Pérola Byington, especializado em saúde da mulher, realizou pesquisa sobre os hábitos de prevenção. Os resultados mostraram que 90% das grávidas jovens conheciam os métodos anticoncepcionais, mas apenas 30% se preveniam. "Estou em pânico. Prevejo uma nova onda, desta vez atingindo os jovens com mais intensidade ainda", diz o infectologista David Uip.
"Eles conhecem todos os riscos, mas acham que nunca vai acontecer com eles. A verdade é que a Aids não alterou a vida sexual dos adolescentes", analisa Albertina Duarte Takeuti, pesquisadora da Organização Mundial de Saúde e coordenadora do Programa do Adolescente de São Paulo.
Os psicólogos encontram explicações no próprio estágio da adolescência. "É um período em que se correm riscos e se testam limites", diz Edna Peter, psicóloga da PUC-SP, que realiza pesquisa com adolescentes grávidas.
O aumento dos casos de Aids entre