O Bem Amado
NADETEATRO.COM
O BEM-AMADO
DE DIAS GOMES
PEÇA EM ATO ÚNICO E NOVE QUADROS
PERSONAGENS:
CHICO MOLEZA
DERMEVAL
MESTRE AMBRÓSIO
ZELÃO
ODORICO
DOROTÉA
JUDICÉA
DULCINÉA
DIRCEU BORBOLETA
NECO PEDREIRA
VIGÁRIO
ZECA DIABO
ERNESTO
HILÁRIO CAJAZEIRA
AÇÃO: Em Sucupira, pequena cidade do litoral baiano
Atenção: Texto distribuído em caráter puramente de uso e leitura PESSOAL. Todos os direitos reservados aos detentores legais dos direitos da obra. Para a representação e comercialização legal da peça, entrar em contato com os órgãos competentes, como a
Sociedade Brasileira dos Autores Teatrais - SBAT (www.sbat.com.br).
PRIMEIRO QUADRO
Pequena venda de uma cidadezinha de veraneio do litoral baiano. Há uma grande árvore, um coreto e uma venda. Sob o sol, sentado no chão,
Chico Moleza dedilha molemente o violão. Em frente à vendola, Seu Dermeval remenda uma rede de pescar. É um mulato gordo e bonachão, de idade já avançada. Passa-se meio minuto. Entram Mestre
Ambrósio e Zelão carregando um defunto numa rede. O enterro é acompanhado por uma beata, velhinha, enrugada como um jenipapo, e um cachorro, um magro vira-lata, que vem amarrado à rede. Mestre Ambrósio é um velho pescador de tez moreno-avermelhada, curtido do sol. Musculatura batida, chapelão de palha, calças de algodão branco, sua figura infunde respeito. Zelão é um negro reluzente, mais moço do que Mestre
Ambrósio, pescador como ele. Traz vários amuletos no pescoço e um bom humor constante. A velha reza baixinho enquanto os dois pescadores avançam até o centro da cena, com o passo não muito firme, e aí depositam o féretro. Moleza pára de tocar e descobre-se, em sinal de respeito. O apelido o define bem: gestos lentos, descansados, fala mole, é ele um retrato vivo da cidade, onde a vida passa sem pressa
.
MESTRE AMBRÓSIO – Vamos molhar um pouco a goela na venda de seu Dermeval, Zelão.
ZELÃO – É bom.
DERMEVAL – (Indicando o Defunto) Mestre Leonel?
MESTRE AMBRÓSIO – É. Embarcou, coitado.
DERMEVAL –