O BARROCO NO BRASIL[1] O vocábulo Barroco, provavelmente de origem portuguesa, aplica-se comumente, em seu sentido histórico, para caracterizar o tipo de arquitetura e arte produzido na Europa no Séc. XVII, em seguida ao Maneirismo e precedendo o Rococó. No que respeita, contudo ao Brasil, deve ser entendido em acepção mais larga, para designar também ou, sobretudo a arte e a arquitetura do séc. XVIII. Isso porque, com o habitual atraso com que os estilos em vigor nas metrópoles atingem as sociedades coloniais, o Barroco já na Europa havia entrado no seu ocaso quando no Brasil florescia, e de modo extraordinário. Os Doze Profetas, do Aleijadinho (concluídos por volta de 1808) e o teto em perspectiva da Igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto, de autoria de Ataíde, pintado entre 1800 e 1809, são provas mais do que eloqüentes. No Brasil, o período de intensidade máxima do Barroco é, portanto o Séc. XVIII, momento, também, em que se deu a descoberta de ouro e pedras preciosas, em quantidades significativas, numa região que por isso mesmo se tornaria conhecida como Minas Gerais. O fato de em Minas Gerais - região montanhosa e de difícil acesso - terem nascido os dois talvez maiores artistas coloniais brasileiros não terá sido mera coincidência: na verdade, muitos dos principais centros culturais ou artísticos da América Colonial, tanto portuguesa quanto espanhola, desenvolveram-se a partir de núcleos ou zonas de mineração, bastando citar os casos de Taxco no México, Potosi na Bolívia e Ouro Preto no Brasil. Foi o ouro, no Brasil, e a prata, no restante da América Ibérica, o elemento catalisador do novo estilo, o esteio da nova sociedade, seu ponto de referência e seu aval. Coexistem, na América Latina, dois tipos de Barroco: o luso-brasileiro e o hispano-americano; os dois tocam-se por vezes, chegaram, em algumas regiões, a se influenciarem, mas nunca se confundiram, mesmo porque divergem quanto à índole e características