O BARRIL DE AMONTILLADO
“Nemo me impune lacessit”3
H. P. Lovecraft diz que a emoção mais forte e antiga no homem é o medo, e a espécie mais forte e mais antiga do medo é o medo do desconhecido. O autor também diz que a linhagem dos autênticos artistas do horror cósmico começou com Edgar Allan Poe. O conto resenhado, “O Barril de Amontillado”, foi escrito em 1841 por Poe. É uma narrativa escrita em 1º pessoa, um relato de um crime perfeito ao seu confessor, no qual a vingança levou a personagem a cometer um atroz assassinato. A intenção de cometer o crime sem que o ato tivesse uma única testemunha foi levada a cabo de maneira meticulosamente premeditada. O motivo alegado é a reparação de um insulto à sua honra, que deveria ser atingida com um detalhe absolutamente indispensável: a impunidade. Suportei o melhor que pude injúrias de Fortunato; mas, quando ousou insultar-me, jurei vingança. Vós, que tão bem conheceis a natureza de meu caráter, não havereis de supor, no entanto, que eu tenha proferido qualquer ameaça. No fim, eu seria vingado. Este era um ponto definitivamente assentado – mas a própria decisão com que eu assim decidira excluía qualquer idéia de perigo. Não devia apenas castigar, mas castigar impunemente.
Uma injúria permanece irreparada, quando o castigo alcança aquele que se vinga.
Permanece, igualmente, sem reparação, quando o vingador deixa de fazer com que aquele que o ofendeu compreenda que é ele quem se vinga. (POE, 1981, p. 31) Um detalhe que chama a atenção em relação ao crime é a clareza da racionalidade de
Montresor – o autor do crime – e a sua constante cordialidade em relação à vítima. Essa característica da personagem é que traz a sensação de medo ao leitor. Afastado da insanidade, e do estado de loucura presentes em alguns personagens de Poe, Montresor é racionalmente normal, pertencente a uma família nobre e