o baobá e eu

662 palavras 3 páginas
O BAOBÁ E EU
Georges Gneka
Ao contrário da maioria dos jovens da Costa do Marfim da minha geração, eu nasci numa grande cidade e cresci na capital do país, Abidjã. Não nasci num vilarejo, onde os ensinamentos da vida se dão segundo a tradição. Nossos antepassados entregavam a sua sabedoria por meio da palavra. Não escreviam tudo.
Os contos e as lendas também são formas de passar conhecimento. Assim, atravessam os tempos, embora recebam a tinta de quem conta as histórias. Desse jeito chegam até nós, carregando sempre o seu profundo sentido.
Meu pai, que sabia da importância de nossa tradição, nos mandava, eu e meus irmãos, passar parte das férias nas aldeias de nossos avós maternos e paternos. A do meu avô, Valentin, ficava no meio da floresta e não dava para chegarmos até lá de carro. Sempre fazíamos parte do trajeto a pé, com um parente, que nos guiava. Era uma viagem longa, mas de jeito nenhum cansativa. O guia tinha sempre uma história para cada coisa que existe no mundo, que ia nos contando. Aliás, na minha terra, nada existe por acaso, todo rio tem uma fonte, todo fim tem um começo, tudo tem uma causa, que é a causa duma outra coisa. E isso dava muita conversa pelo caminho, quando a gente parava, sentava, ou colhia umas frutas e respirava o ar puro da floresta. Lembro de tudo muito bonito!
Na aldeia de Sekleke, que ficava longe, na beira do mar, vivia minha avó
Towenin. Eu gostava mais de ir lá. Minha avó vivia sozinha e plantava o que comia. Já era velha, mas tinha muita energia. Ao amanhecer, íamos mata adentro ver a plantação. Então ela me deixava limpar um pedaço de terra, onde eu plantava mandioca e meu milho.
Mas minha alegria era mesmo o mar. E lá ia eu com meus primos nadar.
Nas noites de lua cheia, todo o vilarejo sentava debaixo de uma grande árvore, para ouvir e trocar umas histórias, que falavam de animais, de água, de fogo, do por que disso, por que daquilo. Eu era muito curioso e ficava intrigado. Por que os velhos

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