O Autista e a Linguagem
A comunicação de indivíduos com autismo sempre foi foco de atenção dos estudos na área da Fonoaudiologia e Educação Especial, visto serem a interação social e a comunicação duas áreas básicas em que se concentram as dificuldades dos autistas. Porém, conforme cita Mazzota (1982), em qualquer dimensão que se aborde o atendimento a deficientes, seja na social, médica, psicológica ou educacional, dois conceitos estão forçosamente presentes: o da normalidade e o de diferenças individuais. Os parâmetros de normalidade constituem a base de qualquer padrão utilizado para caracterizar determinadas populações. Tais padrões minimizam características muitas vezes essenciais na exata compreensão desta população, mas são importantes para conduzir questionamentos e pesquisas, por mais que não forneçam critérios únicos e imutáveis.
A educação de indivíduos autistas envolve várias indagações sobre quais seriam as habilidades que eles utilizam para se fazer entender, sobre a forma com que eles se comunicam, se esta forma de comunicação é efetiva e como ela se diferencia da maneira com que as outras pessoas se comunicam. É este o “olhar” que influencia as ações direcionadas a esta população, sejam elas ações terapêuticas ou educacionais.
1.1 A EVOLUÇÃO NO CONCEITO DE AUTISMO
A história do diagnóstico de autismo sofreu uma série de mudanças ao longo do tempo. O termo autista surgiu oficialmente, pela primeira vez na CID 9 (Classificação Internacional de Doenças), em 1975, e foi categorizado como uma psicose da infância. Até então, o DSM I (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, da Associação Americana de Psiquiatria) e o DSM II, respectivamente em 1952 e 1968, se referiam apenas à esquizofrenia do tipo infantil. Foram Rutter e Schopler (1978) que, através de uma vasta revisão da literatura, propuseram que o autismo fosse concebido como um transtorno de desenvolvimento, diagnosticado através da tríade de prejuízos que prevalece até os dias atuais: