O ateneu raul pompeia
Share on twitterShare on facebookShare on orkutShare on emailMore Sharing Services Versão para impressão
Análise da obra
O romance O Ateneu, de Raul Pompéia, publicado em 1888, é uma das obras mais importantes do Realismo brasileiro. É a recriação artística do colégio interno. Apoiado na memória, Sérgio vai recompondo os fantasmas da adolescência, vivida entre as paredes do internato, através de quadros que deformam intencional e artisticamente o passado. Não é simples autobiografia e também não é pura ficção (= imaginação, invenção). É a soma das duas coisas, trabalhada pelas mãos do artista.
Foco narrativo
É uma narrativa de confissão, narrada em 1ª pessoa por Sérgio (personagem-narrador). A obra é memorialista, seu narrador, Sérgio, apresenta suas memórias de infância e adolescência num colégio interno chamado Ateneu. Assim, o foco narrativo em primeira pessoa impede a tão valorizada objetividade e imparcialidade do Realismo-Naturalismo.
Sérgio é o alter-ego, ou seja, um outro “eu” de Raul Pompéia. Em outras palavras, o narrador recebe a personalidade e também as memórias do autor, já que este também estudou num internato, o Colégio Abílio, do Rio de Janeiro. Mais uma vez, carrega-se nas tintas do pessoalismo.
Classificação problemática
Há uma superposição de diversos estilos, que torna problemático vincularmos O Ateneu a uma determinada corrente estética. Assim, podemos identificar no livro elementos expressionistas, impressionistas, naturalistas, simbolistas e parnasianos.
Os elementos expressionistas estão na descrição, através de símiles exagerados, dos ambientes e pessoas, compondo “quadros” de muita riqueza plástica, especialmente visual, e desnudando de forma cruel os lugares, colegas, professores etc. A frase transmite grande carga emocional. O estilo é nervoso, ágil. A redução das personagens a caricaturas grotescas parece proveniente da intenção de deformar, de exagerar, como se Raul Pompéia estivesse “vingando-se”