O Amor de Romeu e Julieta simulado em Verona
Raphael Guimarães
Verona, Itália
1308
Era um belo reino. Um dos mais belos. As donzelas que caminhavam pelas ruas tinham os mais radiantes sorrisos, e carregavam no colo os mais lindos bebês. As árvores eram mais verdes, o céu mais azul e o Sol mais brilhante do que em qualquer outro reino. O aroma das flores, a pureza dos campos e a beleza dos aldeões faziam com que quase tudo em Verona fosse divino... ...quase tudo. Se quisesse desfrutar de todos os atributos de Verona, o preço que pagaria seria exatamente de duzentas moedas de ouro. Esse era o imposto que fortes e grotescos homens iam cobrar de porta em porta todas as semanas, em nome do Rei Ivan. Caso não quisesse ou não pudesse, por alguma razão, pagar tal imposto, o preço a ser pago seria sua vida, ou melhor, o fim dela.
Ivan Montéquio, o temido e cruel rei de Verona, tinha uma agenda lotada. Ás segundas-feiras ele ia caçar cervos na floresta. Terças e quartas eram reservadas ás reuniões com outros reis e autoridades de Verona. Ás quintas-feiras, Ivan tomava aulas de esgrima, e descansava durante as sextas e sábados. Já nos domingos, Ivan sentava-se em seu trono no salão principal de seu palácio e recebia seus súditos para ouvir elogios, reclamações (que nunca eram levadas a sério) e pedidos (que raramente eram atendidos, dependendo da posição social de quem os pedissem). Em um desses domingos de “contato com o povo”, Ivan estava esperando que os súditos chegassem até ele, e seu “desejo” se realizou. Uma pequena multidão adentrava o castelo e de aproximava cada vez mais do trono de Ivan, liderados, aparentemente, por um jovem de cabelos loiros, olhos claros e roupa surrada. Claramente um aldeão. Ao ficarem pouco menos que três metros de distância do trono de Ivan, o suposto líder da multidão começou a falar: - Rei Ivan, nós, aldeões da família Capuleto temos reclamações e um apelo a fazer-te em relação aos seus impostos, pois... - Perdoe-me, súdito. –