O amanuense belmiro rsumo uesb
6552 palavras
27 páginas
O Amanuense Belmiro, de Cyro dos AnjosAnálise da obra
Podemos situar a obra O Amanuense Belmiro, de Cyro dos Anjos, publicado em 1937, entre as produções dos anos 30/50, portanto pertencente à segunda e terceira gerações do modernismo. Porém, deve-se observá-la como uma linha introspectiva que começa a nascer, às vezes contrastando com o romance regionalista e, em outras, englobando o interior deste ser frente a todo um processo de evolução e decadência de uma sociedade para dar prosseguimento a outra.
Pertence ao que se poderia chamar o Lado B do Segundo Tempo do Modernismo Brasileiro (1930-45), pois não segue o filão principal desse período, que é o romance regionalista de preocupação política, como Vidas Secas, São Bernardo e Fogo Morto. É, de fato, uma obra dotada de extremo lirismo, retirado de cenas simples do cotidiano do protagonista. Lirismo de funcionário público (amanuense), profissão mergulhada no pequeno, no simples, no cotidiano. O político, quando aparece, é de forma tangencial, principalmente no que se refere aos desenlaces de Redelvim, amigo comunista de Belmiro.De linhagem psicológica, revelando profunda influência machadiana, porta-se como observador perspicaz e contido, utiliza-se freqüentemente de uma fina ironia, do pessimismo amargo e revela-se continuador da tradição memorialista que foi comum no romance do século XIX. O crítico português Adolfo Casais Monteiro, sobre O Amanuense Belmiro diz: "uma melodia como raramente o romance no-la dá, um bafo de vida a tal ponto real que desperta imediatamente tudo o que há de mais íntimo e secreto em cada um." A primeira edição do livro data de 1936 e já consagra Ciro dos Anjos como um dos grandes prosadores da Literatura Brasileira, sendo essa sua principal obra, embora tenha escrito mais um outro romance, que recebeu o título de Abdias.
Sua pesquisa psicológica em O Amanuense Belmiro trabalha com vidas que se realizam mais na imaginação e menos na realidade: ao lado dos sonhos humildes que não