O alienista
O Alienista, publicado entre outubro de 1881 e março de 1882, faz parte, desde 1982, do volume Papéis Avulsos.É dos mais bem realizados dos seus contos pela justeza com que funde tema e linguagem, fazendo que esta retrate com clareza o mundo perturbado de Itaguaí. O problema da loucura,do centro temático do conto, foi preocupação constante de Machado de Assis.O Alienista é exatamente uma procura da forma que constitui o objetivo da personagem central,devorada pelas discutíveis verdades de sua ciência,palavra mágica que causa temor e admiração.Através de um processo em que interferem ironia e sátira,Simão Bacamarte assume as funções que estão na ideia de Ciência,o que permite ao autor pôr a descoberto os dois lados do problema: 1) a visão popular e seus preconceitos em face da Ciência,misto de respeito e medo do homem recolhido aos estudos e fechado em si; 2) a deformação desse homem que toma como verdade aos pressupostos da Ciência e comete em seu nome equívocos sucessivos,sem dar pelo absurdo de suas pretensões.Antes de ir mais adiante,é preciso dizer que esta Introdução supõe a leitura do conto,pois revela uma posição entre outras,dentro de uma perspectiva que suponho válida.Mais importante que o problema da loucura,que existe em doses diferentes em todos nós,é a visão do autor sobre a feição assumida pela Ciência e o modo como construiu esta visão.Convertendo Itaguaí em campo de experimentação,a partir de um flexível conceito de loucura,Simão Bacamarte leva pânico à pequena população que vê atônita as internações em sua Casa de Orates,transformada em laboratório de provas.Confundindo-se com a Ciência,o alienista recebe ataques ou elogios sempre indiretos e por meio de instrumento destituído de eficiência: chavões de uma oratória oca.Quer dizer,através de componentes que refletem uma posição superficial de comportamento sem profundidade ou serenidade que demonstre tratamento adequado e eficiente.São resoluções de momento,não atos