O abc em machado de assis e graciliano ramos
O professor, sendo sisudo e austero, era pai (in)justamente do mais fraco dos três. Como tinha problemas de aprendizagem, o filho-aluno socorria-se do mais inteligente, oferecendo-lhe uma moeda de prata.
Por sua vez, o invejoso, aquele de índole fraca, que presenciou toda a cena correu a contar ao mestre. Em razão disso, o professor deu palmatórias em cada um dos dois meninos que interagiam conhecimento, xingando-os veementemente. O conto acaba com o menino esperto seguindo a primeira companhia de fuzileiros pela praça e, consequentemente, não foi à escola naquele dia.
Fica-nos uma idéia de que o fim súbito da narrativa coincide com o fim trágico da própria educação.
As lembranças de Graciliano Ramos de seu tempo de escola primária não seria diferente, como relata na crônica Um novo ABC . Aliás, em sua habitual ironia que resgata o humor das crianças, nos brindará com a recordação de um certo Terteão:
“A preguiça é a chave da pobreza”, afirmava-se ali. Que espécie de chave seria aquela? Aos seis anos, eu e os meus companheiros de infelicidade escolar, quase todos pobres, não conhecíamos a pobreza pelo nome e tínhamos poucas chaves, de gavetas, de armários e de portas. Chave de pobreza para uma criança de seis anos é terrível [...] O que ofereciam, porém, à nossa curiosidade infantil eram conceitos idiotas: ‘Fala pouco e bem: ter-te-ão por alguém.’ Ter-te-ão! Esse Terteão para mim era um homem” (Ramos, 2005, pp. 248-9).
Se em Machado o fim é quase desinteressado, talvez porque o menino prefira seguir fuzileiros a estudar, em Graciliano a história da chave nos sugere que as portas do saber, no