M. foucault
1) Considerando as transformações no processo punitivo estudadas por M. Foucault, apresente como o corpo humano foi tratado neste período, caracterizando a tecnologia política do corpo.
Resposta: Foucault traz em sua obra Vigiar e Punir, do original em francês: Surveiller et punir, um claro relato do papel das prisões e sobretudo das punições impostas aos que agiam em desacordo com a ordem natural (política) adotada ou simplesmente aceita pelas sociedades.
A abordagem das transformações sofridas pelo processo punitivo deixa clara a sua relação com a busca e preservação do poder político, afinal desde os episódios de suplício dos corpos dos condenados com a sua exposição pública enquanto sofria os ataques mais ferozes que pudessem suportar, passando pelos métodos de suplício através da utilização do tempo, e finalmente com a extinção das ferramentas de tortura (ou ao menos com a extinção da sua aplicação pública) e a utilização das prisões como forma de penalizar os criminosos através do cerceamento de sua liberdade, sempre foi a manutenção do poder político o objetivo das punições impostas aos que infringiam as regras sociais impostas.
A evolução das práticas punitivas do suplicio público para a retirada da liberdade e consequente reclusão dos “criminosos”, apenas tem como principal objetivo eliminar o poder que vai de encontro ao poder instituído e vigente. O suplício acabava muitas das vezes comovendo os que o assistiam, e o sentimento de piedade e revolta popular poderiam vir a colocar em risco o poder dos que condenavam muita das vezes apenas com o objetivo de “abafar” movimentos populares legítimos que iam de encontro aos interesses pessoais dos poderosos.
A punição passa a ser imprimida sobre a mente dos condenados e não mais sobre o corpo, e em contrapartida limita-se essa punição a ambientes reservados o que evita um clamor popular em favor do suposto “criminoso”, sendo oferecido apenas a condenação à pena resultante do crime