LEITURA CRÍTICA DA LITERATURA INFANTIL
Maria do Rosário Longo MORTATTI1
Literatura infantil é um campo de conhecimento relativamente recente, no Brasil. Só a partir dos anos de 1970, intensificou-se a produção científica sobre o gênero, devido à gradativa inserção e institucionalização da literatura infantil como matéria de ensino e/ou disciplina em currículos de licenciaturas em Pedagogia e Letras. As origens da literatura infantil brasileira encontram-se, sobretudo na literatura didática/escolar, que, entre o final do século XIX e início deste, começou a ser produzida de maneira sistemática por professores brasileiros, com a finalidade de ensinar às nossas crianças, de maneira agradável, valores morais e sociais assim como padrões de conduta relacionados com o engendramento de uma cultura escolar urbana e necessários do ponto de vista de um modelo republicano de instrução do povo. Somente em 1920, Monteiro Lobato veio para mudar esse cenário com a publicação em 1921 de Narizinho arrebitado, mas somente em 1970 houve a consolidação do gênero infantil.
A partir desse momento pesquisadores da área de Educação, por sua vez, vêm cada vez mais se dedicando ao estudo da literatura infantil, enfatizando suas possibilidades de aplicação no processo de ensino-aprendizagem escolar e utilizando métodos e procedimentos da pesquisa em educação, especialmente os que correspondem aos objetivos de intervenção na prática pedagógica.
A literatura infantil pode-se ser entendida como um conjunto de textos – escritos por adultos e lidos por crianças, No caso brasileiro, especificamente, trata-se de um gênero literário, cuja origem está diretamente relacionada com a organização de um aparelho escolar republicano e com certas concepções de infância, segundo as quais a criança – leitor previsto para o textos do gênero e responsável pelo qualificativo infantil – é um ser considerado “sem voz” e “em formação”. Para ser crescimento integral, necessita submeter-se: ao processo de