J,H Elliot A Europa Dividida
Este ensaio pretende através da leitura do capítulo III da obra A Europa Dividida, de J. H. Elliott, analisar de maneira geral o cenário político no qual se encontravam as monarquias do século XVI, no sentido da busca destas por empoderamento, legitimação de seu poder, coesão de seu Estado, afirmação de sua autoridade e estabilidade governamental.
Dessa forma, será considerada a maneira como as estratégias de aumento do poder régio por muitas vezes falham suas intensões ao colidirem e ou entrarem em dissonância com duas importantes forças políticas do século XVI: a aristocracia e a religião.
A princípio, é interessante esboçar o perfil da monarquia que governava no século em questão, a fim de compreender a urgência dos príncipes em garantirem sua majestade.
De acordo com o autor, na primeira metade do século XVI, as monarquias europeias aumentam o seu conjunto de poderes através de uma gama de fatores que influem na autoridade pessoal direta do rei e também na coerência de seus Estados. Assim sendo, a figura do rei toma forma de “representante de Deus e perfeito representante da vontade nacional”, impulsionando a monarquia a uma tendência formalista que buscava um reconhecimento indubitável e natural do poder régio por parte dos súbitos. Neste sentido, o autor já sublinha que o emprego do cerimonialismo como meio de imposição e aceitação da Coroa já demonstra a vulnerabilidade da instituição, bem como do enfraquecimento de um poder régio que necessita a todo custo mascarar sua humanidade, calcando sua credibilidade no divino.
De fato, a monarquia possuía suas vulnerabilidades ao estar muitas vezes suscetível ao acaso, enfrentando empecilhos relacionados à questão de gênero, a idade, a instabilidade psicológica e ao iminente risco de morte súbita. Nesse sentido, diante das incertezas e inseguranças que permeavam a sucessão dos tronos, o autor garante que não se podia