Shlien (1976) argumenta que o principal objetivo do terapeuta é o de compreender e aceitar a percepção e os sentimentos que o cliente expressa de sua realidade, ao contrário de impor sua própria realidade. Percebemos que D. Otávio, desde seu primeiro contato, não tenta trazer D. Juan para sua realidade, respeitando e aceitando a sua percepção, afirmando que é D. Otavio de Flores, ou seja, entrando em sua realidade. Assim, D. Juan percebe nele alguém que o compreende e aceita, pois D. Otavio demonstra interesse em sua realidade, apresentando-se aberto à sua experiência. Ele demonstra a D. Juan que ainda há um longo caminho a ser percorrido, oferecendo sua ajuda de forma sutil, abrindo um espaço de esperança para o crescimento e desenvolvimento das potencialidades de D. Juan. Assim, D. Juan De Marco “aceita” o desafio de encontrar um sentido e de voltar a viver, perante alguém que o desperta, que o instiga, que o compreende e acolhe. Este primeiro momento foi primordial para criação de um vínculo que foi muito forte, que progrediu para um relacionamento onde terapeuta e cliente encontravam-se “sem máscaras”, abertos para perceber o que de mais profundo havia em cada um. Isso foi expressado por D. Juan que traz a Jack o quanto necessitava de sua presença e de sua fantasia para poder respirar, ao mesmo tempo transparece que D. Juan precisava de Jack para viver num mundo mais saudável. De Nicola (apud Leitão,????), define saúde como abertura à experiência e ao contato ativo com a realidade, ou seja, a tendência atualizante. Doença, para o autor, é a estagnação do processo de ser, afastar-se da responsabilidade de existir, encarcerando-se num mundo particular, desligando-se de um mundo compartilhado. Neste caso, D. Juan “estaria” doente naquele momento, pois perante a morte de seu pai e a “perda”de sua mãe, encontrou como alternativa para manutenção e sobrevivência, viver em uma realidade criada e manipulada por ele, restringindo a atualização de seus potenciais,