E ROLLAND BARTHES TINHA RAZÃO
Um dos axiomas do pensamento de Rolland Barthes (A Aventura Semiológica) é: “A narrativa está presente em todos os tempos, em todos os lugares, em todas as sociedades; a narrativa começa com a própria história da humanidade; não há, nunca houve em lugar nenhum povo algum sem narrativa”. Ou seja, não há gente sem uma linguagem e uma prática de narrativa. É da natureza humana.
Cinco elementos normalmente compõem uma narrativa: enredo, personagens, tempo, espaço e narrador. Vamos no deter sobre o enredo.
Aristóteles (Poética) falava de uma ação com começo, meio e fim: “Começo é aquilo que, de por si, não se segue necessariamente a outra coisa, mas após o quê, por natureza, existe ou se produz outra coisa...” E sugeria que enredo seria, de fato, como a origem da palavra propõe, um enredamento de ações protagonizadas pelas personagens para oferecer sentido à narrativa. Seria a fabulação.
Desde Aristóteles, o significado de enredo muito se confundiu com intriga, ação, trama, história. Vários autores avaliam o significado de forma diversa. Thomas Pavel, por exemplo, sublinhou enredo como a primazia da ação, onde pontificam as tensões e resistências que constituiriam o enredo. Em comum, a percepção de que todo ele necessita de um esquema primário que sinalize o ponto de partida e o ponto de chegada. Mas, como aplicar esse princípio a “Ulisses” de Joyce?
Para Aristóteles, não cabe a uma narrativa reproduzir tão somente o que existe, mas seria de sua competência especialmente tecer as suas possibilidades de maneira verossímil, em seu universo de ação. É o que se pode chamar de lógica interna da narrativa, ou do enredo, para uma melhor compreensão.
Para o crítico literário Cesare Segre (Introdução à Análise do Texto Literário), “a narração é, predominantemente, narração de acontecimentos ... a cadeia dos acontecimentos narrados (reais ou imaginários, mas sempre semelhantes ao real) é certamente homóloga (em modos que deverão