C A P Í T U L O X V I “A Semente Que SemeaIs, Outro Colhe...”
“A Semente Que SemeaIs, Outro Colhe...”
OUVI dizer num ônibus da Quinta Avenida: “Meu Deus!
Mais piquetes! Já estou cansada desses grevistas andando de um lado para outro em frente de lojas e fábricas, com seus cartazes de protesto. Por que o governe não mete todos eles na cadeia?”
A senhora indignada que fez essa observação não conhecia bem a história. Pensava ter uma solução fácil para um problema simples. Mas estava totalmente errada. Sua solução fora tentada repetidas vezes, sem que se resolvesse nada. Na Inglaterra há mais de cem anos um magistrado comunicou ao Ministério do interior seus planos para esmagar uma greve: “As medidas que proposto são simplesmente prender esses homens e mandá-los ao trabalho forçado.” 205
Exatamente o que sugeria a senhora — e, no entanto, essa proposta foi feita em 1830. Com que resultados? Deixemos que a senhora responda.
O magistrado do século XIX e a senhora do século XX parecem não compreender que os trabalhadores não fazem piquetes porque gostem de andar de um lado para outro carregando cartazes, e não fazem greve porque não desejem trabalhar. As causas são mais profundas. Para descobri-las, devemos voltar à história inglesa, porque ali ocorreu primeiro a Revolução industrial.
205 J. L. e B. Hammond, The. Twon Labourer, 1760-1832. Longmans,
Green and Co., Londres, 1933.
190 HISTÓRIA DA RIQUEZA DO HOMEM
É fato bem conhecido que as estatísticas podem provar qualquer coisa. Nunca nos proporcionaram um quadro mais falso do que o relativo ao período de infância da Revolução Industrial na Inglaterra. Toda tabela de números mostrava progressos tremendos. A produção de algodão, ferro, carvão, de qualquer mercadoria, multiplicou-se por dez. O volume e o total de vendas, os lucros dos proprietários — tudo isso subiu aos céus. Lendo tais números ficamos surpreendidos. A Inglaterra, ao que tudo indica, devia ter sido então o paraíso que os autores de canções mencionam sempre.